16 novembro 2009

liberdade ma non troppo



Não percebo nada de futebol. Nem sabia q os futebolistas escreviam livros. Há um q escreveu q não gosta de homossexuais. Eu não imaginava q era possível ser-se despedido por se escrever uma opinião num livro. O futebolista em causa tb. não, com certeza...

Posso dizer aqui q não nutro especial simpatia por gordos? E se acrescentar q a minha repulsa é capaz de ser apenas o meu medo da pessoa gorda q pode existir em mim? Atenua de alguma forma?... Ou tb. posso vir a ser condenada e despedida por ser politicamente incorrecta e discriminadora comigo mesma?

Afinal, a censura do lápis azul era diferente disto em quê, exactamente? Agora podemos dar livremente as nossas (algumas bem estúpidas) opiniões, mas é melhor não?...
Hã?!

ora bolas

(ilustração: Alex Pelayo)

Quer-me parecer q já não se conseguem pôr vídeos do youtube no blogspot... Mas podem-se pôr no facebook e no twitter e no hi5... Alguém explica este homicídio selectivo?...

09 novembro 2009

pegajoso


(ilustração: Gustavo Aimar)


Às vezes, pensamos q os outros precisam da nossa empatia pq sofrem com qualquer coisa q a nós nos faria sofrer.

Ainda q assim fosse e q estivessem descontentes, não é um dado adquirido q precisem de empatia. Pq a empatia, nestes casos, pode soar a pena e, aí sim, não creio q gostemos q sintam pena de nós. Isso seria assumir q há razões para terem pena de nós, q há efectivamente cá dentro algo de realmente fraco, vergonhoso ou errado.

Eu tenho um pé grande. Sempre tive. Passei o início da adolescência a calçar sapatos de rapaz pq não havia, na cidade onde vivia, o 39 para mulher. Na altura, sentia-me esquisita, diferente. Desejava calçar o 38, q era o q algumas amigas calçavam e o n.º máximo q havia à venda nas sapatarias. Agora continua a ser difícil encontrá-lo pq já há mais "patudas" a dar cabo do parco stock disponível.

À medida q aumentei o meu armário dos sapatos, fui diminuindo a insegurança adolescente. Assim como uma espécie de substituição: atafulhei o vazio da vergonha de ser pé-grande ("assim consegues dormir em pé, ah,ah, ah!") com vários pares de sapatos. Mas, aparentemente, fiquei em paz.

Há uns dias, qdo cometi a insensatez de anunciar o meu pé 40, franziram-me a testa, com ar de pena, acrescentaram um "deixe lá, não se importe". Foi uma forma de me mostrar q, aos seus olhos, um pé 40 é uma razão para embaraço e, por isso, uma desgraça meritória de consolo.

Nesse dia percebi q a empatia q recebi, zelosa, solícita, mas não solicitada, foi uma forma de apontar o dedo a um problema q já não sinto como tal. Meti mão à consciência e percebi q o q recebi é tal e qual o q costumo dar: empatia pegajosa. Resta saber se vou conseguir fazer o desmame deste hábito, afinal, tão antipático.