à força
Na adolescência, a única coisa q gostava de fazer na cozinha, enquanto acabava o almoço q a minha mãe deixava adiantado para podermos engoli-lo em 10 minutos, era de fingir ser a Lurdes Modesto do meu próprio programa de televisão.
Entretinha-me a explicar ao meu amável público - q obviamente me seguia atentamente do outro lado das câmaras - a mestria de acender o lume ao tacho do arroz, como esperar pacientemente q fervesse, pô-lo no mínimo e, finalmente, desligá-lo. Ousei mesmo iniciar os meus telespectadores na difícil tarefa de descascar alhos para temperar bifes e distribuir equitativamente pela chicha os pedaços de louro e as pedrinhas de sal. A arte de pôr a mesa era menos abordada, mas lá tinha os seus dias bons.
Às vezes, distraía-me com a palhaçada e atrasava-me com o andamento do serviço. Era então q punha em acção um qualquer plano de emergência e despachava o serviço à bruta, sem mais conversas, para não ter q ouvir os meus pais qdo chegassem a casa a barafustar acerca da minha irresponsabilidade e do quão mais veloz teria q ser a mastigação desse almoço.
As minhas emissões de culinária acabaram no dia em q o meu fiel público, depois de uma demorada distracção, não entendeu o quão brilhante podia ser o meu plano de emergência para acabar de cozer batatas na panela de pressão. Afinal, a sugestão de abrir a panela à força de murro, enquanto o vapor ainda fervia dentro, não tinha sido assim tão bem recebida.
Mais complicado ainda, foi explicar aos meus pais q, em vez de engolirem o almoço, nesse dia teriam q passar os seus 10 minutos a ajudar-me no curativo da queimadura de 2º grau q fiz nas costas da mão direita.
2 comentários:
Lurdes Modesto, "aulas de culinária" com muita paprika e panela de pressão fazem parte do meu imaginário tb.
Thanks God sp tive o cuidadinho todo com a dita e nunca me queimei, mas deve ter doído...
Lembro-me de uns estufados na panela de pressão q se fazias na faculdade!
E de ter aprendido contigo a fazer panquecas tb.!
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